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Os jovens e a fé reformada

Vpler.com REDACAO VPLER

Há mais de dez anos, o sociólogo cristão Paul Freston previu que haveria umamigração de cristãos neopentecostais e pentecostais para as igrejas históricas reformadas. Me lembro de assistir a palestra na qual ele expôs seus argumentos sociológicos quanto aos desenvolvimentos social, econômico e educacional. Apesar dos cultos de libertação e cura ainda lotarem milhares de igrejas por esse Brasil, Paul Freston também acertou nesta previsão.https://drive.google.com/uc?export=view&id=1bLt8g8zT0_bS6nfp3mKE2EWD4R53_edA

Tenho presenciado e ouvido falar de diversos casos deste tipo, principalmente de jovens que conhecem a fé reformada por meio de pregações na internet. Inclusive, há alguns anos, tive a oportunidade de conhecer um ex-pastor pentecostal de Fortaleza-CE que simplesmente fechou sua igreja e migrou com todos os membros para uma igreja reformada.

Como não sou sociólogo, nem teólogo, tenho refletido sobre essa migração do ponto de vista do membro. Deste membro que frequenta a igreja e também acessa todo tipo de conteúdo cristão neste novo mundo online e complexo. Desta forma, minha reflexão é muito mais íntima do que social. Por este ângulo, acredito que o primeiro crivo da fé neopentecostal não é a teologia refinada dos reformados.

Pelo contrário, o primeiro e grande crivo é a própria realidade, o próprio chão da vida. Este solo cru e neutro onde a fé das experiências sobrenaturais é provada e, muitas vezes, reprovada. A cura que não cura, o livramento que não livra, a profecia que não se realiza, a promessa que não se cumpre. A fé que vive das experiências sobrenaturais vai, pouco a pouco, se desnutrindo como uma planta de pequena raiz que se rende ao sol da realidade.

Por sua natural divergência, os jovens são os primeiros a assumir que a fé apresentada a eles não suporta o deserto do real. Pouco a pouco, a própria mente em formação coloca esta fé, já enfraquecida, no banco dos réus. Basta um ou outro argumento vindos de um entendimento mais realista, pra acabar de vez com a sua vida.

O que sobra, o que ainda mantém muitos destes jovens é o velho senso de pertencimento. A turma! A fé que não se sustenta na solidão do quarto vazio da consciência, busca amparo na alegria da galera que se mantém com o calor humano do grupo. Até cada um ir pro seu canto, pra sua experiência de trabalho, de vida familiar, de encontro consigo mesmo, onde a brasa da fogueira se torna cinza e voa com o primeiro sopro de vento.

Por que eles vão para as igrejas reformadas? Por que elas são perfeitas? De modo algum. Eles vão porque há menos lacunas, menos inconsistências no embate com a vida nua. Porque a fé reformada é menos despreparada para a dureza do longo desemprego, do assalto violento, da doença que não cura, da ansiedade que não passa.

Longe de ser perfeita, a fé reformada tão somente encara a realidade. Busca na Palavra de Deus, em seus livros escolhidos, formas de desafiar este mundo e este eu caído, olhando pra Cristo, com menos enganos e subterfúgios.

Porém, me lembro que no final de sua palestra, Paul Freston colocou uma pergunta que ainda ecoa nos meus ouvidos: As Igrejas Cristãs Reformadas estarão preparadas para receber estes jovens, estes cristãos?Estamos prontos para recebe-los no amor de Cristo, sem arrogância e prepotência, como servos de Cristo?

Minha oração é que não façamos disso uma disputa, uma rixa. Que acima de tudo e de todos esteja a verdade, Cristo Jesus, e que Ele seja suficiente na realidade de todos nós, seus servos.

Nele e pra Ele!
Transformai-vos.

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