Nessa fase, raças como maltês, yorkshire e shith zu recebem a tosa higiênica, na qual é eliminado o excesso de pelos das extremidades, como “almofadinhas” das patas, bumbum e barriga, ou seja, locais onde há acúmulo de resíduos. Posteriormente, esse procedimento deve ser realizado a cada três semanas.
A groomer Silvia Garotti, responsável técnica pelo centro estético Clinicanis, orienta que os cães de pelagem fluffy (encaracolada) – a exemplo de poodle e bichon frise – chegam aos seis meses de vida com os pelos a 6 cm de altura e, por isso, podem ter o comprimento reduzido à metade, por meio do corte com tesoura.
Entre os oito meses e um ano de vida, é hora da tosa bebê, que recebe esse nome porque confere ao cachorro a aparência de filhote de cerca de cinco meses, uma vez que diminui o comprimento do pelo em alguns centímetros e deixa o rosto mais arredondado.
Esse corte varia muito conforme a raça e o comportamento do animal (mais calmo ou mais agitado), mas precisa ser feito para mantê-lo limpo, evitar embaraçamento e também para reduzir o tempo de manipulação na pet shop, pois alguns cães ficam inquietos e desconfortáveis.
Silvia conta que a tosa bebê foi criada no Brasil e é bem-vinda a todas as raças. Tanto que a profissional desenvolveu um catálogo que serve de “cardápio” para o proprietário escolher o estilo que mais gosta.
Depois que cresce, além das tosas higiênicas a cada três semanas, o cachorro precisa aparar a pelagem uma vez a cada dois ou três meses, dependendo do crescimento dos fios. Nesse caso, o corte varia conforme a raça.
Para schnauzer, o típico é retirar os pelos do rosto e das costas, deixando mais volume na parte de baixo da barriga, nos bigodes e nas sobrancelhas. Já em poodle e chow chow, geralmente é adotado o tipo leão, no qual rosto, barriga, cauda e pernas ficam “pelados”, enquanto a cabeça permanece com pelo alto e o corpo bem baixo. Há quem goste de manter pompons no tornozelo, nos quadris e no rabo.
Vale ressaltar que os cuidados com a pelagem não se restringem à estética; o maior benefício está no bem-estar do animal. A falta de tosa ocasiona nós e dificulta a secagem do pelo e da pele, causando alergias e micoses.
Outro problema é a coceira frequente devido ao acúmulo de umidade. “O pelo longo incomoda o cão e, por crescer entre os dedos, pode levar a escorregões e fraturas”, alerta a groomer.
Sem censura
Além dos cortes tradicionais, existem os modismos. E aqui os donos usam e abusam da criatividade. Um dos preferidos é a tosa japonesa (ou asiática), caracterizada pelo corpo de fios bem baixos e cabeça mais volumosa e arredondada – assim, o cão parece um bicho de pelúcia.
A analista de sistemas Luciana Nishikawa é fã desse estilo. Sua yorkshire terrier Vicky Nina (foto acima) encanta os seguidores nas redes sociais com seu corte. “Eu gosto da tosa japonesa porque, além de fashion, é superprática para higiene e o cachorro fica menos tempo na secagem”, afirma.
Ela comenta que sua ideia era facilitar a manutenção e diminuir o tempo gasto na pet shop, já que a mascote gosta muito de brincar na grama e na terra e, sem a tosa, os fios embolavam e demorava bastante para hidratar, pentear e secar. “Por fim, ela virou até referência no corte, já que foi uma das pioneiras no Brasil”, completa.
A groomer Silvia Garotti revela que logo depois de o jogador de futebol Neymar Jr. adotar o cabelo em estilo moicano, a moda invadiu também as casas especializadas para animais. O que os donos mais queriam eram ver seus companheiros de quatro patas de topete – e muitas vezes, colorido.
Segundo ela, atualmente, o estilo mais pedido entre as raças de pelagem longa, é a cabeça chanel junto com a tosa bebê no corpo.
Achou ousado? Silvia comenta que as possibilidades são infinitas. Nas competições de creative grooming, por exemplo, é comum tosquiar poodle em formato de pavão. Já imaginou se a moda pega?