É natural que a chegada de um filho, junto com muitas alegrias e comemorações, traga algumas apreensões aos pais, sejam eles de primeira, segunda ou de muitas outras viagens.
Dúvidas que vão desde “como segurar o bebê?” a “como mantê-lo livre de doenças?” ficam pulando na cabeça das mulheres – e exigindo respostas. Por isso, muitas delas optam por participar de cursos de gestantes, a fim de se preparar melhor para o momento.
Orientadora de cursos para gestantes há 35 anos, com experiência de 4.330 partos normais realizados, a obstetriz Maria Augusta de Freitas, do Hospital Pró-Matre Paulista, sabe que a gestação é um período grandioso, mas cercado por muitas dúvidas e ansiedade.
“Apesar de ser um processo fisiológico, a mulher, de uma maneira geral, não se sente preparada para o parto, e preocupa-se com a volta para casa com o bebê sob sua responsabilidade”, diz.
De acordo com ela, as três maiores preocupações são:
- o parto
- não ser capaz de amamentar
- não saber como cuidar do bebê
Para responder essas e outras questões é que foram pensados alguns cursos específicos para os futuros papais, geralmente conhecidos como cursos para gestantes.
Nesses encontros, orientar e fortalecer a capacidade de gestar, dar à luz e cuidar do próprio filho(a) são os grandes objetivos.
Temas abordados
De uma forma geral, os cursos tratam de assuntos que permeiam todo o final da gestação: quando ir para a maternidade, o trabalho e os tipos de parto, a amamentação, cuidados com o recém-nascido em casa e a participação do pai em todo o processo.
Os cursos não são longos – geralmente acontecem em um fim de semana – e são conduzidos por obstetras, enfermeiros e pediatras, nos próprios hospitais. Mas cada curso tem uma duraçao específica e é interessante pesquisar bastante para ver qual se adequa mais a você e ao seu ritmo!
Uma boa época para participar do encontro é por volta do quinto ou sexto mês de gravidez, período em que as dúvidas começam a aparecer com maior intensidade.
As experiências das mães
Foi pensando em ter uma “experiência completa” que a administradora Mariana Gonçalves Nakayma, 30 anos, mãe do Davi, de 9 meses, optou por um curso. “O Davi é meu primeiro filho e quando a gente tem uma gestação muito desejada, quer fazer tudo!”, comenta.
Para ela, nessa nova fase, tudo é válido. “Curso, livro, blog, revista… tudo! Fiz (o curso de gestante) para curtir a fase, trocar experiências, receber dicas e também me divertir”, comenta.
Mariana avalia que a experiência foi superválida, ainda que tenha pesquisado e aprendido bastante antes do encontro, que realizou no sétimo mês de gestação.
“Sempre descobrimos informações bem interessantes sobre o parto e anestesia, dermatites de recém-nascido, os primeiros dias em casa, dicas de banho e até a melhor forma de segurar um xampu. São dicas que, na hora do aperto, fazem a diferença!”, afirma.
A abordagem sobre amamentação foi um capítulo à parte. “Eles reforçam muito a importância do aleitamento e eu fiz de tudo para amamentar meu filho até os 6 meses – e consegui!”, relembra, feliz.
A advogada Tatiana Barbosa, 37 anos, mãe da Ana, de 10 meses, procurou um curso de gestante porque gostaria de ter alguma noção básica de como cuidar de um recém-nascido.
Acabou aprendendo técnicas de relaxamento, como dar banho, trocar fralda, como amamentar, como verificar se o bebê está com frio ou calor, entre outras questões.
“As palestras foram muito esclarecedoras. Por exemplo, o neonatologista explicou todo o procedimento que é feito com o bebê assim que é retirado do útero, quais profissionais estariam presentes na hora do parto. Isso deu um grande alívio”, comenta.
Tatiana também recomenda fortemente que outras gestantes façam o curso. “A chegada de um bebê é muito impactante, dá uma sensação enorme de impotência. O curso pode não solucionar todos os problemas, mas dá um norte”, garante.
O que procurar
A obstetriz Maria Augusta recomenda que, ao buscar um curso, as gestantes estejam atentas à formação dos profissionais que vão ministrá-lo, procurando pessoas da área, com formação pertinente aos assuntos desenvolvidos.
“Todos os tópicos são importantes para que a mulher e seu companheiro saiam dessa experiência fortalecidos e acreditando em suas capacidades naturais de serem mãe e pai”, resssalta.
A participação do futuro papai no curso, aliás, também é importantíssima, segundo Maria Augusta. “Além de fazer com que a mãe se sinta mais segura, ele pode dividir com ela as responsabilidades, desde a escolha da maternidade, até a decisão da volta para o trabalho”, ilustra.
Para Mariana, a participação do marido, o também administrador Santiago Correia Nakayama, de 29 anos, foi o ponto alto do negócio.
“Mãe é mãe e, fazendo curso ou não, você vai cuidar do seu filho por puro instinto. Mas o pai demora um pouco mais para entender a paternidade. Eu acho que o curso é fundamental para eles entrarem nesse universo, ouvirem coisas que jamais ouviram, entenderem o parto, o pós-parto, a amamentação, o banho, a saúde emocional da mãe, a depressão pós-parto, ou seja, coisas que podem ou que vão acontecer com um recém-nascido”, exemplifica.
Vale fazer de novo?
Para as mamães e papais que já fizeram o curso e esperam um novo bebê, é bom repetir a dose somente se o primeiro parto aconteceu há muitos anos, se souberem de alguma condição especial do feto que inspire cuidados específicos ou, ainda, se estiverem num segundo casamento e para um dos dois se trata do primeiro filho.
Mesmo depois de fazer o curso, caso a gestante ainda não se sinta ainda preparada para o parto, Maria Augusta recomenda que ela aproveite o pré-natal para esclarecer dúvidas. “A confiança no profissional é importante e fará com que ela se sinta mais preparada”, lembra.
“Conforta, alivia, você ri, você chora e você percebe que não está só, que não é a única naquela situação, que está todo mundo pensando a mesma coisa!”, acrescenta Mariana.
Mas depois de tantos ensinamentos, tem alguma aprendizagem que o curso não pode promover? “Aprender a ser mãe, jamais... Só tendo um filho mesmo!”, brinca Mariana, aos risos.