A sensação é de que todos viajam mais, vão a festas animadíssimas, têm uma família perfeita, uma vida agitada, sucesso profissional e estão apaixonados.
Quanto mais fotos de paisagens paradisíacas e pessoas deslumbrantes, maior a impressão de inferioridade e de estar sempre vivendo menos intensamente.
O que não fica registrado são todas as cinquenta fotos horrorosas que tiveram que tirar até conseguir uma com todos de olhos abertos, os momentos em que o casal se desentende e não exibe nenhuma beleza, as bolhas nos pés para estar bonita no salto, as segundas-feiras monótonas, os domingos entediantes, a aparência cansada dos dias mal dormidos com filhos bebês, os cafés da manhã nada glamorosos da rotina com pressa, perfis sem maquiagem, cabelos despenteados e unhas por fazer de quem vive de verdade, e não apenas finge uma vida irreal.
Temos que lembrar que antes de publicar, selecionamos a foto ideal e ainda filtramos as imperfeições do registro.
Todos temos bons e maus momentos, dias animados e outros deprimentes, sucessos e fracassos, encontros e desencontros.
Aquele álbum que você está vendo diz muito mais sobre como você gostaria de ser e de ser vista do que de fato de como você é. Se não fosse possível manipular as fotos, dificilmente alguém estaria disposto a expor sua vida real com todas as imperfeições que fazem de todos nós humanos.
Por Joana Cardoso
(Imagem: Morguefile)