Antes de invadir a casa das pessoas, as tecnologias que acabam moldando o dia-a-dia do mundo são desenvolvidas bit a bit, chip a chip, por cientistas que nem sempre estão no foco dos holofotes. Isso até pisarem na Campus Party e se tornarem alvo da tietagem de jovens aficionados por tecnologia.
O “pai da Web”, Tim Berners-Lee, que abriu a primeira edição da feira e repetiu a dose no ano seguinte, e o “pai dos videogames”, Nolan Bushnell, o fundador da Atari, empresa que criou o videogame de mesmo nome, tiveram seus dias de “estrela do rock” no maior evento da cultura nerd do mundo.
Tim Berners-Lee
“A conexão via telefones celulares é fascinante, pois permite o acesso de pessoas que vivem em áreas rurais ou daquelas que não têm computadores.”
A sentença poderia descrever a situação vivida pelo mundo da tecnologia nos dias de hoje, mas foi dita por Tim Berners-Lee, na abertura da primeira edição da Campus Party, em 2009. Vinda pelo cientista da computação britânico, não é de se espantar já que ele é conhecido com o “pai da World Wide Web”, o protocolo usado para computadores navegarem na internet.
ara ele, seriam os celulares, e não os PCs, os responsáveis para promover uma massiva inclusão digital. Berners-Lee aproveitou para conversar com o músico Gilberto Gil. Em 2010, ele retornou ao Brasil e participou da palestra com o Nobel da Paz e ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Al Gore.
Rainey Reitman
Em 2013, quando o mundo ainda nem sonhava com o que ex-analista da CIA, Edward Snowden, tinha a revelar sobre a ciberespionagem do governo dos Estados Unidos, Rainey Reitman palestrou sobre as ameaças à privacidade e à liberdade na internet. Ela é diretora de ativismo da Electronic Frontier Foundation (EFF), que foi criada em 1990 quando a internet apenas engatinhava. Se por um lado, Reitman mostrou como as redes sociais podem ajudar a mobilizar revoluções como a “Primavera Árabe”, por outro lado, chamou a atenção para programas governamentais voltados a controlar a livre expressão na rede, que vão desde o monitoramento digital até a instituição de leis para coibir internautas.
Party, em São Paulo.
Nolan Bushnell
“Pai dos videogames” e também criador do primeiro game de sucesso, Nolan Bushnell deixou os louros do passado de lado e falou sobre o futuro dos jogos na Campus Party de 2013. “Achei que a realidade virtual chegaria há 20 anos e seria referência do mercado. Mas os aparelhos, aqueles óculos, deixavam as pessoas tontas e enjoadas. Como vender um produto assim? Não deu certo.” Vindo de qualquer outro, a frase poderia soar como um disparate. Mas Bushnell é o fundador da Atari (1972), dona do videogame de mesmo nome, ancestral mais antigo da árvore genealógica de PlayStation 4 e Xbox One. Naquele anos, o também criador do primeiro game de sucesso, o “Pong”, visitava o Brasil pela primeira vez.
Mozilla
Mark Surman
Não tem segredo, disse Mark Surman, diretor-executivo da Fundação Mozilla: manipular os códigos da internet é tão fácil quanto acampar. “As pessoas amam o poder que a web traz para elas e precisamos ensiná-las como é fácil fazer a internet.” O executivo veio ao Brasil em 2013 para falar de internet aberta e do papel da Mozilla. Ao narrar a criação da Fundação, em 2003, aproveitou para cutucar Microsoft. “Foi um ano ruim para a internet, 98% das pessoas que a usavam a viam pelos olhos da Microsoft. Todos os aplicativos eram disponíveis para o Internet Explorer.” E completou: “Coisas como Gmail, Facebook e Twitter não existiam em 2003, porque a web era uma porcaria”. “Naquele ano, a rede era muito mais controlada pelas empresas e não pelas pessoas.”
Pete Lomas
O menor (e mais barato) computador do mundo, o Raspberry Pi, está no centro do movimento conhecido como “Faça Você Mesmo”. A história do desenvolvimento do aparelhinho de 68 gramas foi a história contada por seu criador, Peter Lomas, em 2013. Feito para ensinar os conceitos de programação e robótica a crianças, o Raspberry Pi é um fenômeno ao redor do mundo. E custa apenas US$ 25.