Houve um tempo em que a briguinha Intel x AMD fazia tanto sentido quanto iOS x Android faz hoje. As duas empresas fabricantes de processadores disputavam cada cliente neste mercado e a AMD era, de fato, uma pedra no sapato da gigante de Santa Clara. Alguns anos se passaram e o cenário, infelizmente, não é mais o mesmo. A Intel controla 82% do mercado de desktops, 90% do de notebooks e quase 100% do nicho de servidores, segundo os números atualizados do terceiro trimestre de 2014, divulgados pela IDC. É fato que a relevância da Advanced Micro Devices vem caindo ano a ano.
Para tentar reverter este cenário, a atual CEO da companhia, Lisa Su, demitiu três funcionários do alto escalão da AMD. Conforme reporta a Bloomberg, essa atitude faz "parte da implementação de uma equipe otimizada de liderança para impulsionar o crescimento futuro da AMD". Quem teve suas cabeças cortadas, por assim dizer, foi o chefe da divisão de computação e gráficos, John Byrne, ou seja, o cara por trás dos processadores e placas de vídeo da empresa. O diretor de estratégia Raj Naik e a diretora de marketing Colette LaForce também tiveram que passar no RH para se despedir dos colegas.
Com essas vagas abertas, a AMD tentará contratar gente com mais visão de mercado, visto que os anteriores não eram muito bons nisso. Basta ver a linha de processadores Adreno, da Qualcomm, que faz muito sucesso em dispositivos móveis e existe graças à venda da unidade de chips gráficos móveis da AMD para a Qualcomm. Ou seja, quem poderia estar embolsando esse dinheiro hoje era a AMD e não a Qualcomm. De fato, a decisão de não entrar no hoje gigantesco mercado de gadgets móveis, como smartphones e tablets, custou bem caro para a AMD.
Mas nem tudo está perdido. A empresa ainda é forte, por exemplo, na divisão de processadores semicustomizados. Eles equipam nada mais nada menos que os consoles Playstation 4, Xbox One e Nintendo Wii U, os três maiores dessa nova geração. Os consoles da Sony e da Microsoft usam o processador Jaguar de oito núcleos e processador gráfico com arquitetura Radeon. Já o console da Big N usa a placa gráfica LAtte, também baseada na AMD. Além disso, ela ainda trabalha fabricando processadores ARM para servidores de baixa potência. Porém, isso não foi suficiente para frear a queda no valor das ações da companhia, que desde 2011 caiu pela metade.
Como sabemos, num sistema capitalista, monopólio nunca é um bom negócio. Vamos torcer para que a CEO da AMD acerte nas contratações de seus novos executivos e que eles consigam, paulatinamente, reerguerem a AMD e voltar a incomodar a Intel, tanto no mercado de processadores para PC quanto para notebooks. Na sua opinião, o que a AMD deveria fazer para começar a reverter esse cenário pouco animador?