Pequenas mudanças que levam a alterações dramáticas. Este é no fundo o conceito do efeito borboleta e a Intel acredita que as novidades que tem para o segmento empresarial vão de facto transformar a forma de trabalhar num escritório.
A Intel acha-se capaz de transformar o escritório e o espaço de trabalho no geral. E para isso a tecnológica está apostada em construir um conceito de workplacesem fios e com uma forte componente de interligação. Diz a empresa que quanto mais ligados estiverem os colaboradores, mais e melhores ideias vão surgir desta colaboração.
E esta visão futurista da Intel já está a acontecer, desde que a gigante do silício ajudou a colocar no mercado dispositivos que têm por base a quinta geração dos processadores Core vPro. Portugal pode entrar nesta realidade nas próximas semanas, quando as fabricantes trouxerem estas novidades para o mercado nacional.
Apesar de os processadores vPro terem um impacto positivo nos computadores e híbridos - maior potência, melhor desempenho gráfico e menor consumo energético -, o grande chamariz acaba por ser duas outras tecnologias.
Através da tecnologia Wireless Display e da Wireless Docking o número de fios e de passwords num ambiente de trabalho vai diminuir drasticamente. Por consequência, espera a Intel, aumentará a produtividade e as boas ideias. De tal forma que mesmo antes de a empresa revelar estas soluções, recebeu três projetos de mil milhões de dólares justamente para encontrar a solução para este caminho.
Com a tecnologia Wireless Display é possível enviar qualquer conteúdo a partir de qualquer dispositivo compatível, mas não apenas de um para um, mas na perspetiva de vários para um. Este sistema tanto pode ser integrado posteriormente - através de periféricos que são colocados por exemplo em televisores -, como já está a ser trabalhado de forma integrada por empresas como a Panasonic.
Já a Wireless Docking promete um fio continuo entre o trabalho móvel e o trabalho fixo. Basta colocar um pequeno cubo na secretária do utilizador para que o mesmo assista a uma transferência instantânea do trabalho entre o portátil e o desktop - de acordo com as apresentações da Intel.
Com pequenas alterações - como o simples facto de a autonomia dos computadores aumentar de forma significativa -, a Intel espera provocar um grande impacto na forma como se trabalha, sobretudo no sector terciário. Mas como já é sabido, o efeito borboleta pode demorar anos ou décadas até fazer sentido.
Esta é uma realidade, o no wires workplace, que só agora começa a ganhar formas, mas não é de esperar que venha a verificar-se em Portugal no curto espaço.
Empresas portuguesas amarradas
As empresas portuguesas, assim como os consumidores, estão em linha com aquilo que acontece no resto do mundo: a troca de computadores acontece em média de quatro em quatro anos. E isto mostra sobretudo a ideia de que "o PC não está morto", como salientou o gestor de negócio da Intel Portugal, Alexandre Santos.
Mesmo não revelando números específicos, o executivo reconhece que o mercado ainda não está totalmente recuperado, mas que em 2014 e em Portugal o "balanço não foi negativo". "Há sectores do mercado que estão mais dinâmicos", disse o porta-voz da tecnológica.
Um dos exemplos é a área dos híbridos, os computadores 2-em-1, na qual a Intel tem apostado bastante. E os resultados começam a surgir, apesar de Alexandre Santos admitir que estão ainda longe de ser a maior fatia do mercado.
"Este é o momento da transformação", disse o executivo que também deixou uma palavra de crítica às pequenas e médias empresas portuguesas - e também às de outras nacionalidades com o mesmo perfil. Alexandre Santos considera que as empresas portuguesas não olham para a tecnologia como uma forma de acrescentar valor, pois em "Portugal é tudo transacional, aposta-se na renovação da frota".
Isto a propósito do tom geral da apresentação que tentou mostrar que é preciso um pouco de investimento na inovação para que os resultados surpreendam.
Mas também os fabricantes de computadores e dispositivos eletrónicos levaram um "recado" no sentido de facilitarem uma melhor implementação das tecnologias. Algo que não tem acontecido até aqui, com Alexandre Santos a pedir menos inércia entre as empresas parceiras.
No fim prevalece o tom otimista, com o gestor de negócios da Intel Portugal a acreditar que muito em breve os consumidores portugueses vão voltar a comprar equipamentos topo de gama, pois essa sempre foi uma característica do utilizador português.